O Campo Pequeno testemunhou a verdadeira banda de heavy metal: o poderoso e épico quarteto Manowar, detentor de dois títulos do livro de recordes do Guiness, o primeiro em 1984 na categoria de Concerto Mais Barulhento de Sempre (um recorde que já quebraram em duas ocasiões posteriores) e o do Concerto Mais Longo com uma duração de cinco horas na Bulgária, em 2008.
O espirito do metal vive nos Manowar e o «exército de imortais» estava lá em peso - nome atribuído pelos Manowar aos seus fãs, que não se acanharam em cantar os hinos mais épicos de sempre. Perante uma casa cheia os Manowar assolaram com o som mais poderoso do mundo. Desde a primeira nota até à última foi uma demonstração de décibeis nunca antes vista no Campo Pequeno.
Tocaram na íntegra o primeiro álbum de originais "Battle Hymns" que recentemente foi regravado, entraram com o tema 'Manowar' seguido pelos temas 'Death Tone', 'Metal Daze', 'Fast Taker', 'Shell Shock', 'Dark Avenger' (que incluíu uma excelente narração do actor Sir Christopher Lee) e acabaram com o último tema do disco. O povo aplaudia e gritava por mais. No palco fica Karl Logan para fazer o solo de guitarra de 'Sun of Death' já tradicional nos concertos dos Manowar.
Preparados para a segunda parte do maior espectáculo de heavy metal da Terra, a sala já fervilhava com as primeiras notas de 'Brothers Of Metal Pt.1' do álbum "Louder Than Hell", seguindo-se 'Kill With Power' de "Hail To England" e 'Hail And Kill' do aclamado "Kings Of Metal". A sala já fumegava com o calor que se fazia sentir, com o povo a cantar em uníssono. A endeusada banda investe depois na balada grandiosa 'Heart Of Steel' de "Kings Of Metal". É a vez Joey DeMaio fazer o seu solo de baixo, ele que é das pessoas mais emblemáticas e respeitadas e um dos portas-estandarte do heavy metal.
Continuam com 'Sign Of The Hammer', 'Fighting The World', 'Call To Arms', 'House Of Death', 'Hand Of Doom', 'Thunder In The Sky' e 'The Power'. A casa volta a explodir com mais palmas e cânticos. Entretanto e entre tanto (de bom), o Sr. DeMaio volta a ser o centro das atenções: de microfone na mão e com um ar muito sério dirige-se ao público com um português até muito bem falado e eloquente, e afirma sem falsas modéstias que há 12 anos que Portugal não conhecia o verdadeiro heavy metal. Diz também que a nossa história é grandiosa e que nós somos os melhores fãs dos Manowar do mundo. O público, claro, agradece calorosamente.
Sobem mais uma vez ao palco e soltam os cães da guerra com 'Kings Of Metal'. Pelo meio, o vocalista Eric Adams, dotado de uma grande voz e, pelos vistos, de olhos de águia, repara numa senhora na plateia. O concerto pára e Adams dirige-se à espectadora com um directo «Tu...sim, tu aí...vem cá, eu vou contigo para a cama hoje à noite". Junta-se a ele o Sr. DeMaio: "Eh pá, mas ela tem a t-shirt errada [de outra banda]...tens de tirar isso, tira". Assim foi, a senhora tirou a peça de roupa e subiu ao palco - o povo estava em delirio. Faltavam ainda 'Warriors Of The World United' e, por último, o clássico 'Black Wind, Fire and Steel' seguido de muito xinfrim de feedbacks e do som torturante de cordas a serem arrancados dos seus intrumentos com o Sr. DeMaio a dar um ar de sua graça. A sala ficou depois a meia vela enquanto se ouvia a intro de fim já tradicional num show dos Manowar 'The Crown And The Ring (Lament Of The Kings)'.
Foi uma noite memorável com a comunidade metaleira, a ouvir poesia e contos de campos de batalhas, reis, magos, heróis e todo um mundo de fantasia e mitologia que só os Manowar podem dar.
Sandro Simões Jordão [Cotonete]
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