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quarta-feira, outubro 29, 2008
FAITHFULL - Entrevista a Sérgio Sabino
Os Faithfull são das poucas bandas portuguesas de Hard Rock, um estilo musical sem grandes tradições no nosso país. Recentemente lançaram o seu segundo disco de originais Horizons pela editora norte-americana Perris Records, começando a despertar a atenção dos fãs japoneses e de algumas rádios espalhadas pelos EUA e Europa. Para tentar saber um pouco mais acerca desta banda entrevistamos Sérgio Sabino, vocalista do grupo.
O que vos levou a formar uma banda de Hard Rock num país onde este estilo musical não tem grandes tradições?
Sabino: Acima de tudo a paixão pela música e por um estilo com o qual crescemos e que nos fez sonhar um dia ter uma banda. Estes são motivos mais que suficientes para a existência dos Faithfull num país sem grandes tradições no Hard Rock.
Este é já o vosso segundo disco, que diferenças existem entre os dois trabalhos entretanto editados?
Sabino: Com o passar do tempo todos nós passamos por diversas situações nas nossas vidas que nos ajudam a evoluir e a encarar as coisas de outra forma. Numa banda essa mudança de visão é transmitida através dos temas que compõe, tendo acontecido isso na passagem do álbum Light This City para o recente Horizons, tanto nas músicas como nas letras. A nível instrumental pode dizer-se que no primeiro os teclados estão mais presentes, enquanto que o segundo segue uma linha onde se destaca mais a guitarra.
O vosso primeiro trabalho, Ligth This City, foi editado em 2003. Cinco anos é muito tempo de intervalo para um novo álbum. Quais as razões deste hiato?
Sabino: A editora espanhola Vinny Records que editou esse trabalho faliu pouco tempo depois do seu lançamento. Isso bloqueou muito daquilo que necessita um álbum para ser bem promovido e divulgado. Cancelou ainda os planos para a gravação de álbuns futuros de acordo com o nosso contrato. Tudo isto provocou-nos uma enorme frustração e andámos um pouco à deriva a pensar o que fazer no futuro e como financiar o que viria a ser o Horizons.
Como está a ser a recepção a Horizons, o vosso mais recente trabalho de originais?
Sabino: Até agora temos recebido críticas muito positivas tanto dos media como dos fãs. O álbum atingiu em Julho o 3º lugar no top dos álbuns mais importados no Japão e isso deixa-nos cheios de esperanças para o futuro. Várias rádios nos EUA, Espanha, Alemanha, etc. têm alguns dos temas em air-play e isso acrescenta algum optimismo.
Que temas se destacam neste novo disco?
Sabino: Se "se estiver numa onda" de ouvir algo mais calmo, Horizons tem duas baladas: Who’s The Face e You Walked Away; Save The Clowns, Do You Give A Damn e The Best Of Me demonstram a nossa vertente Hard ‘N’ Heavy; Time Flies e Never Came Today seguem a nossa veia Melodic Rock. Resumindo, todo o álbum é uma mistura de subgéneros do rock.
Vai haver a possibilidade de ver estes novos temas ao vivo?
Sabino: Apresentámos recentemente o álbum no Hard Rock Cafe em Lisboa e já temos alguns concertos agendados para breve. Poderão seguir o nosso “rasto” em www.faithfull-band.com.
Quais são os objectivos da banda em termos de mercado? O interesse que o mercado japonês está a demonstrar poderá levar os Faithfull a apostar mais seriamente nesse país?
Sabino: O objectivo de qualquer banda é conseguir divulgar ao máximo o seu trabalho e chegar ao maior número de pessoas. De facto o Japão tem sido um dos países onde os Faithfull têm tido mais receptividade por parte dos fãs. O Light This City atingiu o 11º lugar do top de Rock/Hard Rock/Heavy Metal e o Horizons começa agora a dar sinal de semelhante sucesso. Talvez o nosso futuro passe por uma tour do outro lado do planeta.
Como surgiu a oportunidade de assinarem pela Perris Records?
Sabino: Após o nosso período à deriva decidimos gravar alguns temas que formaram um EP para apresentar às editoras. A Perris Records foi uma das que recebeu o nosso trabalho e propôs a edição de um álbum. Essa proposta despoletou a nossa ida novamente para estúdio e finalmente o lançamento do Horizons.
Quais as maiores influências dos Faithfull durante o processo de composição?
Sabino: A nível literário posso dizer que qualquer situação da minha vida pode dar origem a uma letra. Um livro, um filme também são muitas vezes matéria-prima para fazer deslizar a caneta.
Que comentários te merecem o regresso de algumas bandas de Glam/Hard Rock que fizerem sucesso nos finais da década de 80, inícios de 90?
Sabino: Fico muito feliz por ver as bandas com quem cresci a renascerem, no entanto, e muito honestamente, não penso que isso signifique um impulso às novas bandas do género a projectarem-se. Isto porque as poucas editoras independentes que apostam no Hard Rock nos dias de hoje viram a sua atenção para as bandas já famosas, pois essas dão maiores garantias de rentabilidade. Como negócio é compreensível...
Algum destes regressos merece o teu destaque?
Sabino: Recentemente tive o prazer de assistir ao vivo ao revivalismo do Operation Mind Crime dos Queensryche, e isso para mim foi fantástico. Tenho conhecimento que também um dos meus vocalistas preferidos, Steve Perry (ex-vocalista de Journey), está a gravar um novo trabalho, o que me deixa ansioso e feliz por saber que um enorme talento se ergue novamente.
Em relação ao panorama musical nacional, que avaliação fazes no cômputo geral?
Sabino: Muito honestamente estou muito desligado do que se faz por cá. As únicas coisas que conheço é aquilo que ouço quando sou obrigado a ouvir rádio em determinado local ou quando pratico zapping pelos “programas maravilha” da TV portuguesa, por isso abstenho-me de comentar.
Fonte: http://metalurgiasonora.blogs.sapo.pt
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